Chorar por quem passo




Não interessa o que eu quero sentir,
Porque eu não sei o que é sentir.
E é fitar no caminho entre a vontade
De querer e de não querer
Que eu choro por quem passo...
Eles ali no café, velhos, sozinhos,
A conversar o que já nem consigo
Descrever... Eles ali tão perto de mim,
E eu como que desviando a vista,
Passei e olhei para ali como se só visse vazio
E como que não fosse perceptível a sua conversa.
A mente grita-me tão alto que choro sem motivo,
Sem vontade e sem conseguir chorar-vos;
Porque eu sou quem não sente e por isso quem não chora!
Porque eu sou quem não sabe sentir e por isso não vos pode chorar!
Porque eu sou quem chora de lágrimas impossíveis e amargamente infinitas!
Porque eu sou quem não tem futuro risonho nem presente nem passado teve!
Eles ali e não fui capaz sequer de os olhar como sendo da minha vida...
É como ser criança e mesmo sendo criança ser perceptível o que é viver
Nesta vida amarga e triste que nos acerca a cada dia que passa,
Infindável sofrimento! Tudo é lágrimas que tenho passado para os outros,
Tudo é interior bizarro e excessivo do que não sou ou não quero ser,
Tudo é dor e lágrimas e suor de pensar porque sou assim!
Quando parei a viagem e os já não via, fiquei descansado da vista
Mas cheio de remorsos por dentro de mim...
É a vida eterna, é a morta desesperada, é o desassossego incerto
Que não finda e nunca findará porque eu não sinto,
Nunca sentirei e não posso sentir porque eu sofro eternamente!...

Álvaro Machado – 14:58 – 17-11-2012




Comentários

Mensagens populares deste blogue

todos no poema

Criação infindável

estrada do mundo