Mágoa




Os olhos choram, sabes?
A alma grita por dentro...
Os olhos são únicos de sofrimento...

É como se morasse a maior desgraça
Perto do precipício, que sou eu.
Mas isto, sabes, é só meu.

Já nada me assusta diante de nada, sabias?
Só a alma sabe o quão ingratas são as cantigas
Em que, pouco a pouco, vou cantar-te...

O que sou afinal, a não ser escombros reduzidos a pó?
P'ra que saibas a carta está a arder na lareira
E com ela arde, também, a canseira
Do meu próprio dó...

Sou um vento sem direcção algures perdido.
Sou uma náusea enfática do que não queiras.
Sou alguém que chora, e com isto as canseiras
Deixam-me entristecido...

(Sabes... que cedo venha o dia em que tudo cesse,
Que mais ninguém oiça falar do vento desnorteado,
E por mais que alguma alma teça o triste que prece
A seu fim enevoado!...)

Álvaro Machado – 22:24 – 12-11-2012

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