Sublime jardim
O jardim, sem luz, deixa um rasto,
Para que sigas com toda a luz
Seu enigma indesvendável.
Portanto, segue-o sem perturbações,
Segue-o sem questionares nada,
E encara-o como sábio e certo
De toda a diversidade terrestre.
Sem luz ao fundo de todas as dimensões...
Sem dimensões nos candeeiros do jardim...
Faz com que seja o teu caminho suposto,
Faz com que dele dê certo a certeza
Que serás feliz, que o futuro te sorrirá
Como a mim não foi capaz de sorrir,
Nem de abraçar... Este é o meu jardim
De luz posta à luz das velas e do amor,
Das naus expostas aos cais sombrios,
Dos lobisomens em florestas alheias
E de obscuros batimentos de dor.
Mas em ti, Deus sorrirá altivamente.
Vai com ele, ergue-te ao céu divino
E canta melancolicamente a Querubim
A alada virtude de seres formosa!...
O futuro espera-te no futuro,
O passado já de si saudoso chora,
E o presente idolatra-te!...
(Mas, como hei-de dar-te rumo?
Se o meu jardim cessa
Quando lhe dei vida?)
Segue todos os sinais e ouve o que de si
Não são sinais, nem passagens bíblicas;
Ouve apenas o dito e segue a prosa
De não seguires o que faz!...
Álvaro Machado – 19:27 – 29-11-2012
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